Avaliação do ciclo de vida de discos de vinil

Abstract

O PVC é o segundo termoplástico mais consumido em todo o mundo, porém a avaliação do ciclo de vida (ACV) de produtos baseados em PVC é ainda tópico raro de publicações científicas. Há poucos estudos ambientais acerca de mercados minoritários do PVC que envolvem produtos de longo prazo de duração. Neste trabalho, foram avaliados os potenciais impactos ambientais do ciclo de vida de discos de vinil (LPs). Foram realizadas duas simulações distintas de fim de vida útil dos LPs envolvendo aterro sanitário e incineração, buscando descrever os indicadores de impacto ambiental para tratamentos pós-consumo críticos do ponto de vista da economia circular. Assim, a ACV dos LPs foi realizada sobre uma formulação de PVC padrão registrada em patente utilizando o método ReCiPe 2016 Midpoint (E) para avaliação dos potenciais impactos ambientais nas etapas de produção da resina de PVC, galvanoplastia e termoformagem dos discos, embalagem e descarte. Foram estudadas, através do software openLCA, três categorias de impacto: aquecimento global, toxicidade em humanos e escassez de recursos fósseis, sendo a unidade funcional considerada 1000 LPs contendo 150 kg de PVC, 125 kg de papel cartão e 10 kg de PE. Na formulação da resina de PVC, os maiores gargalos ambientais foram identificados como sendo a presença de estanho como estabilizante primário e óleo de soja como estabilizante secundário. A etapa de galvanoplastia e termoformagem impactou aproximadamente duas vezes mais o meio ambiente em relação à etapa de formulação da resina de PVC, exceto em termos de consumo de recursos fósseis, onde as duas etapas apresentam impactos similares. A embalagem de papel cartão é o processo que possui o maior impacto referente a todas as categorias analisadas, seguido da produção do cloreto de vinila, o processo de extrusão e termoformagem e a produção do filme de PE utilizado na embalagem. Para a unidade funcional estudada de 1000 discos, o aterro sanitário impactou menos do que o método de incineração, exceto quando avaliado em toxicidade humana. Concluiu-se que o fim de vida por aterro é sutilmente preferível ao fim de vida por incineração, notando que o estudo da síntese da resina de PVC, da manufatura dos LPs e seu descarte final ainda precisa abranger diversas considerações, não havendo solução definitiva para os possíveis problemas gerados pelo descarte dos discos de vinil.