Avaliação do ciclo de vida do vidro empregado em fachadas do tipo estrutural (structural glazing): estudo de caso do prédio da Assembleia Legislativa de Rondônia

Abstract

A utilização de vidro em fachadas tornou-se uma prática popular na arquitetura do Brasil, especialmente em edifícios de grande porte para diversos fins, proporcionando uma estética moderna. Porém, este tipo de material remonta a um grande consumo de recursos naturais, energia e emissão de poluentes quando comparado a outros tipos na indústria da construção, sendo necessário identificar e buscar soluções para reduzir os impactos ambientais relacionados à etapa de produção. O propósito deste estudo foi analisar os efeitos ambientais relacionados à fabricação, beneficiamento e deslocamento do vidro laminado empregado em fachadas do tipo structural glazing, com base no estudo de caso do prédio da Assembleia Legislativa de Rondônia, que possui este tipo de fachada, através da Avaliação do Ciclo de Vida, método que avalia aspectos e os impactos no meio ambiente acerca do ciclo de vida em um produto, em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelas normas NBR ISO 14040 e 14044, e também da norma europeia EN 15804:2012+A2:2019/AC:2021. Para o Inventário do Ciclo de Vida, foi realizada a busca por informações disponíveis em bancos de dados internacionais gratuítos para este fim. O estudo baseou-se em quatro Declarações Ambientais de Produto de companhias europeias e resultados obtidos pelo software Open LCA. Dados sobre a laminação foram fornecidos por uma indústria local em Ji-Paraná/RO. Os resultados da comparação entre quatro fontes bibliográficas e o software, considerando todas as etapas do ciclo de vida para uma área de 3.156,43m² de vidro laminado (utilizado no estudo de caso), destacam as seguintes categorias de impacto: mudanças climáticas, eutrofização potencial, destruição da camada de ozônio, formação fotoquímica de ozônio, esgotamento de recursos não-biológicos e acidificação potencial. As mudanças climáticas representaram mais de 98% dos impactos totais, devido às emissões associadas à extração da matéria-prima, uso de energia e transporte. Em contraste, a destruição da camada de ozônio e o esgotamento de recursos não-biológicos tiveram impactos relativamente baixos. As discrepâncias nos resultados podem ser atribuídas à inconsistência entre os dados e variações geográficas nos estudos. Estratégias como otimização de processos, eficiência energética, reuso de água e opções de transporte sustentáveis surgem como alternativas promissoras para mitigar os impactos dessas fontes. Os resultados informarão as partes envolvidas para uma gestão mais sustentável.